“Aracy” investiga invisibilidade social na linha hereditária feminina
Poucas pessoas sabem, mas os sobrenomes possuem origem absolutamente oriunda dos pais e os demais antecessores masculinos – o que faz com que todas as mulheres sejam anuladas com o passar do tempo. Essa foi uma das descobertas de Flavia Milioni no processo criativo de “ARACY”, segundo solo ficcional dirigido e interpretado pela atriz. Investigando a misteriosa história de sua avó materna através dos rastros deixados por ela, Flavia deparou-se com as consequências devastadoras do patriarcado na vida das mulheres.
Este solo é um resgate de uma história. A história da vida e da morte da avó materna da atriz, cujo nome dá título ao trabalho. A peça tenta remontar a árvore genealógica materna da narradora, das mulheres que a antecederam, mas ela não consegue, porque uma das consequências de uma sociedade patriarcal é o desaparecimento do nome da mulher, como se ela mesma nunca tivesse existido. Então, ela reconstrói a história da avó com os poucos elementos que sobreviveram, e através deles, tenta preencher as lacunas deixadas por sua ausência.
O espetáculo é o segundo solo autoral de Flavia Milioni e conta a história da busca da autora por sua avó materna. Partindo da premissa do desaparecimento da mulher, Flavia vai desvendando uma história espinhosa e pouco falada, o suicídio da avó aos 26 anos, em 1954. Fazendo uso de elementos poéticos, a peça sugere o encontro dessas duas mulheres que jamais se viram, onde a avó é mais nova que a neta. A peça evoca uma memória inventada, uma relação entre avó e neta que nunca existiu. Um resgate de um laço ancestral que, no fim, une todas nós.
Serviço
Aracy
Datas e horário: De 6 a 30 de junho, de 5ª a domingo, sempre às 20h
Não haverá sessões nos dias 13, 14, 15 e 16 de Junho
Ingressos: R$ 7,50 (habilitado Sesc), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30.
Local: Sesc Tijuca
R. Barão de Mesquita, 539 – Tijuca