Clarice Lispector

Agência Estadão

Chaya Pinkhasovna Lispector, nascida a 10 de dezembro de 1920 em Chechelnyk (Ucrânia) foi escritora e jornalista. Naturalizada e declarada brasileira, é a nossa Clarice Lispector.

Agência Isto É

Clarice chegou ao Brasil ainda aos 2 anos de idade, com sua família judaica russa emigrando por conta da perseguição aos judeus, consequência da Guerra Civil Russa. Desembarca em Maceió-AL, onde se alfabetiza e descobre sua vocação para a escrita.

Muda-se para o Rio de Janeiro aos 14 anos, por opções empresariais de seu pai. No Rio, a família vai morar, primeiramente, numa antiga casa próxima ao Campo de São Cristóvão. Estabilizam-se rapidamente, ocupando uma casa na Rua Mariz e Barros, 341, na Tijuca. Clarice, à época, cursava o quarto ano ginasial no Colégio Sílvio Leite, na mesma rua.

Por ser inquieta, não aceitar as injustiças sociais vistas e vividas em Recife-PE e por seu desejo de mudança, Clarice ingressa na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (então Universidade do Brasil). Clarice dizia “Minha ideia era estudar advocacia para reformar as penitenciárias”.

Já morando na Rua Lúcio de Mendonça, no Maracanã, e cursando a faculdade de Direito, Clarice começa a trabalhar em um escritório de advocacia e em um laboratório. Além disso, já fazia traduções de textos científicos para revistas.

Por volta de 1940 seu interesse no Direito diminui, e aumenta a vontade de escrever. Publica Triunfo, seu primeiro conto conhecido, na Revista Pan, aos 19 anos.

Ao mesmo tempo, insatisfeita com o trabalho de escritório, Clarice procura entrar no jornalismo, área muito restrita aos homens, na época. Andava pelas redações de revistas oferecendo seus contos, até que chegou à revista Vamos Ler!, um dos poucos periódicos que tinha sua circulação permitida pelos censores do Governo Getúlio Vargas. Eu e Jimmy, de temática feminista, foi seu primeiro conto publicado na revista, ainda em 1940.

Sua amizade com Lúcio Cardoso, um escritor e jornalista mineiro, abre muitas portas, fazendo com que Clarice escreva e publique com muita frequência. Também repórter, é enviada para diversas coberturas, como a inauguração privada do Museu Imperial em Petrópolis, em 1º de maio, onde conheceu Getúlio Vargas. Publica nesta época diversos contos e ensaios, como Onde se ensinará a ser feliz, Trecho, Cartas a Hermengardo, Gertrudes pede um conselho, Obsessão, entre outros. Nesta época, Clarice conhece e fica amiga de literatos como Vinicius de Moraes, Cornélio Pena, Rachel de Queiroz e Otávio de Faria.

Em 1943 Clarice casou-se com o diplomata Maury Gurgel Valente. Em 1944 embarca, em missão diplomática, numa longa viagem que passaria por Lisboa (Portugal), Dakar (Senegal) e Bolama, na Guiné Portuguesa.

Clarice se separa do marido e volta a morar no Brasil, em 1959. Publica Laços de Família, seu primeiro livro que contém apenas de contos autorais. No ano seguinte publica A Maçã no Escuro, que recebe o Prêmio Jabuti e é eleito o melhor livro do ano.

Deixando uma imensa obra, formada por contos, obras, romances, crônicas, e vencedora de dezenas de prêmios, a escritora e jornalista partiu, a 9 de dezembro de 1977, em decorrência de um câncer no ovário, mas sua obra permanece mais viva e atual do que nunca.

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